quinta-feira, 22 de julho de 2010
Ressurreição
Esteva em meio a uma escuridão infindável, tralhas e pedaços de mim mesmo para todos os lados, conflitos não resolvidos, questões não respondidas, dor, medo, angústia, era uma paralisia ascendente da minha alma.
Partículas se descolavam de mim e flutuavam no ar em busca da imensidão escura, iriam para uma dimensão desconhecida, predominantemente fria e nada convidativa...O desespero tinha tomado conta de mim, e junto com a adrenalina que era despejada na minha corrente sanguínea para manter meu corpo vivo, foram-se também meus últimos gritos de esperança, eu já não respondia aos estímulos do que podemos chamar de vida real...
Todo meu amor, gota após gota, se liquefazia em um grande oceano vermelho profundo, onde como em um aquário, abrigavam todos meus amores verdadeiros, tudo aquilo era minha essência.. Era como se eu fosse uma energia pairando no ar, feita só de sensibilidade... Pude intender por um instante as influências que me transformaram naquele ser humano, ver os caminhos por onde andei, as pedras onde tropecei, quem eu pude ferir com as minhas palavras, tudo, absolutamente tudo, estava ali como um livro aberto, um diário de todos momentos que fizeram meus hormônios e reações intrínsecas dar origem a ações corretas ou errôneas tomadas por aquele corpo já sem alma...
Pude sentir meu nascimento novamente, um misto de dor, asfixia, muito sangue e o milagre da vida, a felicidade provocada pelo meu choro, encantava e promovia o estímulo necessário as glândulas lacrimais da minha mãe, mas meus pulmões acumulavam muita secreção, naquele momento já internado, lutava contra uma pneumonia, e esse foi meu segundo nascimento, me deram a chance de proliferar meus encantos de bebe, minha mão gorda, meu sorriso sem malicia, minha bunda redonda, meus olhos curiosos, esse conjunto me tornara na eternidade o fruto que habilitava uma mulher a ser mãe.
Via também muita malicia adquirida durante toda aquela trajetória, eram sentimentos frustrados de não ter conseguido algum objetivo ou até mesmo a vergonha de ter sido diminuído em público por alguém que eu confiava, esses sentimentos deram origem a uma espécie de escudo de comportamento intimidador em resposta ao menor resquício de hostilidade alheia, mas o sistema a qual ele se apoiava para estar funcionando perfeitamente era falho, e muitas vezes fora usado em situações que ele não era necessário...
Minhas partículas de energia já se desprendiam daquela dimensão, quando uma grande força fez com que toda aquela reação de se desfazer paralisasse.. Sentia um calor enorme, as partículas se agitavam, e o lugar para qual aquilo tudo estava migrando foi ficando mais longe, toda aquela escuridão ia desaparecendo no horizonte, e o único resquício daquele lugar se transformou num minúsculo ponto feito por uma ponta fina de um lápis, quando me dei conta eu estava nas minhas reações novamente, estava de volta aquele mundo real, meu pulso tinha voltado, a luz novamente comtemplou minha íris, minha pálpebra com dificuldade, se levantava como o nascer do sol no horizonte, meus pelos do corpo inteiro perceberam a carga adrenérgica nos pilo eretores e se arrepiaram em sequencia como numa grande onda no mar transmitida do horizonte até a areia, meus músculos aos poucos eram ativados...
Por sua causa, hoje, acredito que estou vivo para o amor novamente.
Autor : Rafael Estefanutti
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3 comentários:
Pode deixar que eu não conto pra ninguém,que foi uma declaração de amor.
hoho...
Menino apaixonadooo...
Meu amigoo vc esta de parabéns,fiquei sem palavras ao terminar de ler...
Incrivelmente lindo e admirável!
Blog ta perfeitoo....
beijinhosss
Que isso hein Rafa!
Lindo lindo!
Beijoss!
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